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sábado, 26 de janeiro de 2008

Manuscritos de Eça andaram perdidos durante 34 anos








Mais de 300 folhas manuscritas e emendadas por Eça de Queiróz, de dois dos seus romances e um ensaio, foram ontem doados à Biblioteca Nacional pelo banco Millennium bcp.

Os documentos andavam "escondidos" há 34 anos em arquivos de bancos que estiveram na origem da criação do Millenium bcp, tendo sido depois incorporados no seu acervo.

Foi um colaborador da Fundação Millenium bcp, Manuel Vieira da Cruz, que percebeu a importância deste espólio. "Os queirosianos já tinham tentado descobrir os documentos ao longo dos anos, mas em vão. Só se soube da sua existência quando o galego Ernesto Guerra da Cal publicou nos EUA, em 1975, a tese sobre Eça de Queirós, referindo tudo quanto lera e incluindo essa informação."

Após várias diligências, só a 10 de Janeiro deste ano é que Manuel Vieira da Cruz confronta os manuscritos com a informação até então disponível. Finalmente, eram encontradas as duas versões incompletas de A Cidade e as Serras e de A Ilustre Casa de Ramires, mais a versão completa do ensaio Novos Factores da Política Portuguesa. Os documentos tinham sido transaccionados pela última vez em 1973.

"Este é mais um passo do nosso compromisso com a cultura", disse ontem o presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto, na cerimónia de doação à Biblioteca Nacional. O responsável falou ainda do acervo artístico do banco, que conta com obras de Salvador Dali e Hieronimus Bosch.

A ministra da Cultura, especialista em Eça de Queirós, agradeceu a doação feita pelo "mais importante mecenas do ministério". Esta "documentação é preciosa", acentuou Isabel Pires de Lima, "porque dá para perceber qual seria o texto mais próximo da vontade do Eça", já que nenhum dos escritos foi publicado por ele em vida.
Lisboa
24.03.07